- Viagem no tempo com Pedro Tudela, Constança Babo » 2015
- Pedro Tudela - s/título, Fernando José Pereira » 2015
- Pedro Tudela, Pedro Pousada » 2014
- 00∞, Miguel Carvalhais » 2014
- 00∞ possibilidades de leitura, Diniz Cayolla Ribeiro » 2014
- o-f-m-o-n-o-f-o-r-m-o-n-o, Pedro Tudela » 2013
- o-f-m-o-n-o-f-o-r-m-o-n-o (PT), Pedro Tudela » 2013
- ...flexo, 2005, Pedro Tudela » 2011
- edição e/ou replicação, João Silvério » 2011
- publication and/or replication, João Silvério » 2011
- Pedro Tudela · Uma janela aberta para dentro, Anabela Santos » 2010
- Marginalia d’après Edgar Allan Poe, Maria de Fátima Lambert » 2010
- O erro como matéria-prima, Raquel Guerra » 2010
- Up Side Down, Pedro Tudela » 2008
- Die Materie Des Geheimnisses, Maria Leonor Nunes » 2008
- A matéria do segredo, Maria Leonor Nunes » 2008
- Aparecer, Desaparecer, José Luís Porfírio » 2008
- actual · Expresso
- Espaços com segredos, Luisa Soares Oliveira » 2008
- Encontro com Arte, Ricardo Oliveros » 2005
- Po-Logne, João Sousa Cardoso » 2005
- Jogo de espelhos, Óscar Faria » 2005
- Da Instalação à Cenografia, João Mendes Ribeiro » 2005
- As Múltiplas Formas de Um Corpo, Óscar Faria » 2004
- Pedro Tudela Interview, Guillermo Escudero » 2004
- A Quarta Dimensão, João Sousa Cardoso » 2004
- Dentro de Contrários, Pedro Tudela » 2004
- Over Plasticity: Sound Cartographies, Miguel Leal » 2004
- Sobre a plasticidade: cartografias sonoras, Miguel Leal » 2004
- Pedro Tudela: The Provocation of the Place, between Image and Sound, João Fernandes » 2004
- Pedro Tudela: A provocação do lugar, entre a imagem e o som, João Fernandes » 2004
- Pedro Tudela · Là Où Je Dors, Aurelio Cianciotta » 2004
- Pedro Tudela · Là Où Je Dors, Guillermo Escudero » 2004
- A experiência do lugar na obra pt 12072001rj do artista Pedro Tudela, Paulo Reis » 2003
- The experience of the place in the work pt 12072001rj by the artist Pedro Tudela, Paulo Reis » 2003
- "Cardinales": Marco-Museu de Arte Contemporanea - Reviews: Vigo, Spain - Inaugural Show of New Museum, Alexandre Melo » 2003
- Sombras Comuns, Óscar Faria » 2003
- Pedro Tudela · Là Où Je Dors (Crónica), Olli Siebelt » 2003
- Os Percursos da Memória, Óscar Faria » 2001
- O Acidente das Imagens, João Sousa Cardoso » 2001
- The Accident of Images, João Sousa Cardoso » 2001
- Cidades Devassadas, Luiz Camillo Osorio » 2001
- The places of an experience, Bernardo Pinto de Almeida » 2001
- Os lugares de uma experiência, Bernardo Pinto de Almeida » 2001
- (No Início do Século XXI, Alguns Artistas Sabem Muito Bem…), Bernardo Pinto de Almeida » 2001
- Sensorial, Total, Alexandre Melo » 2000
- Sensorial, Total, Alexandre Melo » 2000
- A Arte do Acidente, Miguel Leal » 1999
- The Art of the Accident, Miguel Leal » 1999
- O Treino, Fernando José Pereira » 1999
- The Practice, Fernando José Pereira » 1999
- Rastos, Restos, Rostos, Bernardo Pinto de Almeida » 1998
- Negra "performance", Óscar Faria » 1998
- Constelações Afectivas, Eduardo Paz Barroso » 1998
- Sem Título, Miguel von Hafe Pérez » 1997
- A Dupla Visibilidade do Olhar, Paulo Cunha e Silva » 1996
- Óculos, Pedro Proença » 1996
- Os Caminhos do Coração, Rosa Alice Branco » 1994
- O Coração à Boca, Jorge Colombo » 1994
- O Mergulhador Musical, Alexandre Melo » 1992
- A Alma é Húmida, Al Berto » 1991
- A Natureza Nunca Existiu, João Pinharanda » 1989
- O Jogo dos Pretextos, Alexandre Melo » 1987
- Portugal Emigrante, Bernardo Pinto de Almeida » 1986
Uma experiência de envolvimento do espectador: o corpo entre o som e o desenho no trabalho de um artista portuense
Nada ou quase nada vemos quando entramos na galeria, porém o seu espaço está completamente preenchido por um mundo de sons, enquanto, bem discretas na parede, duas ordens de desenhos aguardam o nosso olhar próximo e, lá em baixo, formas e cores começam a convidar o nosso olhar e o nosso corpo.
A surpresa, se surpresa houver, não está nos espaços cheios de variados e contraditórios sons, habituais nos «envolvimentos sensoriais totais» que Pedro Tudela de há muito vem criando. A surpresa está no processo de desaparecimento de figuras e formas. Tal processo encontra-se particularmente bem demonstrado na série de 20 desenhos que nos acolhe, bem como nos 22 outros simetricamente dispostos no espaço superior da galeria. Na primeira série trata-se de imagens repetidamente ocultadas ou obliteradas por uma folha branca que faz as vezes de véu, ou de ecrã; na segunda, mais complexa, todos os desenhos são particulares reafirmações de uma estrutura quadrangular, isto é, do próprio quadro, redesenhado com fios ou a partir deles, marcado por vezes com agrafos ou quase imperceptivelmente gravado. Todos estes desenhos têm, em excepção, um círculo recortado no seu centro.
No piso inferior é quase o contrário que acontece na fortíssima visão cromática e formal de alguns dos elementos emissores de som. Um longo altifalante estendido no chão e dois gigantescos tubos invertidos na parede unem numa mesma presença a permanência da forma e a mutabilidade do som; em contraponto, na parede oposta aos tubos, quatro desenhos de quatro cabeças, ou melhor, da mesma cabeça em suportes diferentes, ensaiam o seu desaparecer. Os suportes — fio de sutura, cabelo humano, folha de ouro e fotocópia (de fotocópia?)—são desafio a um olhar aproximado, quase táctil, para podermos sentir o que resta da sua presença.
Num último contraste, a parede abre-se para um espaço fechado, onde a projecção violenta de luz sobre um canto pintado de vermelho cria uma forma tão violenta e fantasmática quanto se torna denso o material sonoro que, aí muito especialmente, nos invade e domina. Poder-se-ia ler esta exposição como uma metáfora fácil sobre o desaparecimento do formato tradicional do quadro, contraposto à forte e contraditória presença do quotidiano invadindo e ocupando o espaço disponível sem regras aparentes; creio, no entanto, que a subtileza de cada um desses desapareceres tem mais que ver com uma noção geral de ritmo, de contraste e (ou) de contraponto que continuamente muda o nosso ver, o nosso ouvir e o nosso inteiro estar no espaço da exposição, respirando e vivendo como ela respira e vive.