Kubikgallery, Porto

The space reserved between the one who does and what is done can be seen as a space for reflection. On the other hand, the space between the one who creates and what is created is often explored as a threshold for metaphysical and aesthetic contemplation. The dichotomy between the natural and the artificial is another important aspect that can be explored in this space for reflection. Combining natural and artificial elements challenges this difference, questioning the conventional perception of reality. For example, works that combine organic and synthetic materials or explore interactions between humans and technology can provoke reflections on the nature of human existence in an increasingly technological world. Inquiring into how these ongoing relationships are transforming our understanding of nature and human identity, as well as the ethical dilemmas arising from these transitions, can also manifest in conventional notions of authenticity and originality, naturally raising deeper discussions about the meaning and purpose of existence in a world increasingly mediated by technology.
The title "U made U" suggests a deep exploration of the intersection between the subject (the "U") and what is created or transformed (the "made"). By using the pronoun "U," there is an allusion to the individuality, agency, and authorship of the creative subject. It invites those who see it to reflect on their own role as agents of change and creation in their own lives and in society at large. The term "made" highlights the aspect of production, construction, or transformation of objects and experiences. This can involve both the process of artistic creation itself and the ways in which we shape and modify the environment through technology, culture, and social interaction.
"U made U" explores themes such as authorship, agency, creativity, transformation, and the relationship between the subject and the world established by it. It challenges the viewer to mirror their own ability to influence and shape the world in which they operate, or to rethink their own perceptions and prejudices, a continuous dialogue about the complex interactions between author and work, observer and observed, subject and object, seeing and being seen, idea and thought, nature and energy. Each observer brings with them their own baggage of experiences and perspectives, shaping their interpretation of the work, contributing to its constant resignification. Each act of observation is also an act of being observed, creating an infinite cycle of exchange and reflection that invites us to rethink our relationship with our surroundings.

O espaço reservado entre quem faz e o que é feito pode ser visto como um espaço de reflexão. Por outro lado, o espaço entre quem cria e o que é criado é frequentemente explorado como um limiar para a contemplação metafísica e estética. A dicotomia entre o natural e o artificial é outro aspeto importante que pode ser explorado nesse espaço de reflexão. Combinar elementos naturais e artificiais desafia essa diferença, interrogando a perceção convencional da realidade. Por exemplo, obras que combinam materiais orgânicos e sintéticos ou que exploram as interações entre o homem e a tecnologia podem provocar reflexões sobre a natureza da existência humana numa profusão cada vez mais tecnológica. Indagar como essas relações ocorrentes estão a transformar a nossa compreensão da natureza e da identidade humana, bem como os dilemas éticos decorrentes dessas transferências, pode manifestar-se também em noções convencionais de autenticidade e originalidade, levantando naturalmente discussões mais profundas sobre o significado e o propósito da existência num mundo cada vez mais mediado pela tecnologia.
O título "U made U" sugere uma exploração profunda da interseção entre o sujeito (o "U") e o que é criado ou transformado (o "made"). Ao utilizar o pronome "U", faz-se uma alusão à individualidade, à agência e à autoria do sujeito criativo. Convida aqueles que veem a refletir sobre seu próprio papel como agentes de mudança e criação nas suas próprias vidas e na sociedade em geral. O termo "made" destaca o aspeto da produção, da construção ou da transformação de objetos e experiências. Isso pode envolver tanto o processo de criação artística em si quanto os modos pelos quais moldamos e modificamos o ambiente por meio da tecnologia, da cultura e da interacção social.
"U made U" explora temas como autoria, agência, criatividade, transformação e relação entre o sujeito e o mundo estabelecido pelo próprio. Desafia a oportunidade para quem olha se espelhe na sua própria capacidade de influenciar e dar forma ao mundo em que atua, ou a repensar as suas próprias perceções e preconceitos, um diálogo contínuo sobre as complexas interacções entre autor e obra, observar e ser observado, sujeito e coisa, ver e ser visto, ideia e pensamento, natureza e energia.
Cada observador traz consigo sua própria bagagem de experiências e perspetivas, moldando sua interpretação da obra, contribuindo para sua constante ressignificação. Cada ato de observação é também um ato de ser observado, criando um ciclo infinito de troca e reflexão, que nos convida a repensar nossa relação com o que nos rodeia.
Pedro Tudela 2024

Photos/Fotografias ©Sarah Gelinski